A cidade italiana de Montalcino, na província de Siena, ficou mundialmente conhecida por causa do vinho Brunello, que hoje em dia move a maior parte da economia da região. Mas você conhece a história do “descobrimento” do Brunello?
Até o fim do século 1800, o vinho mais conhecido de Montalcino era um vinho branco chamado “Moscadello di Montalcino”. Foi por volta dessa época, porém, que um fazendeiro chamado Clemente Santi começou a estudar mais a fundo a uva Sangiovese. Clemente isolou certas plantações para o estudo, pois queria tentar produzir um vinho 100% varietal (feito só com a Sangiovese) que pudesse ser envelhecido por muitos anos, ganhando um corpo especial que não tinha nos vinhos da época.
Em 1831, o marquês Cosimo Ridolfi (que mais tarde virou o Primeiro Ministro da Toscana), elogiou os vinhos de Montalcino, dizendo que os tintos de lá eram os melhores. Anos depois, descobriu-se que o vinho que causou essa impressão foi um tal Brunello. Era o vinho do velho Clemente.
Brunello é diminutivo de “Bruno”, um nome masculino que significa “marrom”. O significado é bem interessante, já que os vinhos mais velhos são geralmente mais amarronzados, e a ideia do Clemente era justamente criar um vinho que pudesse ser bem envelhecido. Atualmente, há também o Rosso di Montalcino, uma versão mais jovem do Brunello, que tem o nome “rosso”, “vermelho”, que é a cor dos vinhos jovens.
Voltando à época do Clemente. Apesar desse reconhecimento, o estudo da uva acabou passando pelas gerações. Clemente não viu seu vinho se tornar famoso na Itália e no mundo todo, mas seu neto tomou as rédeas da paixão do avô.
Ferruccio Biondi-Santi era um soldado veterano do exército de Giuseppe Garibaldi, na guerra do Risorgimento (“Guerra do Ressurgimento”, que lutava pela unificação da Itália). Em 1888, já de volta à sua casa, Ferruccio produziu o primeiro Brunello di Montalcino na versão moderna, um vinho envelhecido em madeira por mais de 10 anos.
Daí, foi um sucesso geral. Até o fim da Segunda Guerra, o Brunello di Montalcino já tinha desenvolvido a reputação de ser um dos vinhos mais raros da Itália. O único produtor era a família Biondi-Santi, que produziu poucos vihos até 1945. A fama do vinho acabou levando outros produtores a tentarem fazer o Brunello, até que, em 1968, Montalcino ganhou o título de “Denominazione di Origine Controllata” (Denominação de Origem Controlada), tendo sido a primeira região italiana a ganhar a designação.
Hoje, o Brunello di Montalcino é apreciado e valorizado em todo o mundo